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Boêmia, Palco do Amor e da Guerra
sexta-feira, 22 de julho de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Manipuladores das Verdades Bíblicas
Por: David Nepomuceno
O tempo passa e o homem evolui [?] e com ele suas ideias e praticas. A tal evolução o acompanha por onde ele for atuar, no trabalho, no lazer e também na igreja. No trabalho esta evolução fica explicita na aceleração tecnológica que diminui a ação do homem, dando destaque a automatização das máquinas. Na área do lazer os conhecimentos tecnológicos também são usados para o proveito do mesmo, onde não havia grama, hoje há grama sintética, o pique esconde foi trocado por jogos virtuais, etc. Nestas áreas há ganhos e perdas. No entanto, o maior perigo desta tal evolução, se dirige contra a igreja do Senhor! Deixando o farisaísmo, legalismo e o fundamentalismo de lado, não querendo ser mais santo que ninguém, porém, analisando friamente os caminhos que as igrejas têm seguidos, uma situação perigosa, mas que já era aguardada, salta aos olhos até dos mais despercebidos. Há vinte anos, pecados eram pecados e ponto final, a pessoa que cometia uma infração podia até não querer voltar atrás e se corrigir, todavia, sabia que estava em falta. A tal evolução mudou este panorama, pois, hoje a verdade é relativa, e esta relatividade da verdade, ensinada nas escolas, no seio da família, e até mesmo nas igrejas, criou uma filosofia antropocêntrica de que o pecado também é relativo! Sendo o homem o centro de tudo, por que ele deve se curvar perante os ensinamentos da escritura? Com certeza é mais fácil e cômodo para ele, maquiar a interpretação bíblica de acordo com seu estilo de vida! O resultado desta filosofia é que hoje temos igrejas próprias para homossexuais, com pastores afeminados e pastoras lésbicas; outras apenas para arrancar dinheiro do povo; outras para sustentar o ego de homens ávidos por títulos que se designam: Apóstolos, bispos, patriarcas, semi deuses... O Apóstolo Paulo assim nos adverte: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Não é o criador que se curva perante a vontade da criatura, portanto, sejamos honestos conosco mesmos. Se peco, não tenho que maquiar meus erros, preciso antes de tudo reconhecê-los e pedir a misericórdia de Deus para minha vida! Deus não se deixa escarnecer, o que o homem plantar é o que irá colher!
domingo, 17 de julho de 2011
Boêmia, Palco do amor e da Guerra.
“Existem mais mistérios entre o céu e a terra
Do que pode pressupor nossa vã filosofia!”
William Shakespeare
Capítulo II
Um estranho na cidade
Em algum lugar, distante de Boêmia, um mês antes.
_ Mandou chamar-me senhor?
_ Sim Caleb, sente-se, por favor.
Caleb sentou-se esperando suas ordens.
_ Você esta sendo enviado para a cidade de Boêmia, filho.
_ Eu já imaginava que isso iria ocorrer. Como está à situação por lá, senhor?
Seu superior levantou-se, coçou a cabeça extremamente preocupado, e disse:
_ Os ânimos estão exaltados, nuvens negras cujas origens você está muito familiarizado, cobrem a cidade!
_ Entendo...
_ Boemia é uma cidade linda, tem quatro milhões de habitantes, oitenta por cento deles protestantes e outros vinte por cento católicos, até o presente momento, vivem em relativa paz. No entanto, temos informações que o panorama está mudando para pior o que é muito preocupante, aja visto o que ocorreu na França, Inglaterra e Alemanha, isso para citar apenas três exemplos do que pode fazer a intolerância religiosa!
_ Novamente a intolerância religiosa!
_ Positivo filho, os homens insistem em matar em nome de Deus! Em nome do Deus de amor, eles produzem sangue, dor, mortes, são incapazes de entenderem que quem é filho de Deus, reflete o caráter dEle e os frutos disso são: caridade, compaixão, mansidão, benevolência! Ao contrário disso, matam uns aos outros sem misericórdia!
_Não conseguem entender a mensagem de amor deixada por Jesus!
_Sim, deixam de praticar o amor e procuram em seus delírios quiméricos de poder e glória, tornarem-se donos exclusivos de Deus!
Caleb acena com a cabeça em sinal de concordância e pergunta:
_E quando parto senhor?
_ Ainda hoje filho.
_ Suponho que vou só.
_Você nunca está só filho!
Caleb sorri.
_Eu sei senhor.
_ Tenho certeza que sabe filho... Estou lhe enviando para terreno hostil, não confie nas aparências, julgue cada pequeno sinal, mantenha-se sempre em alerta. Você terá acesso aos protestantes e católicos, sua missão não é se colocar ao lado de um em detrimento ao outro, e sim ao lado da paz, da justiça e da verdade. E que Deus nosso Pai te guarde em todo seu caminho! Filho, antes que eu esqueça, devo lhe dizer que eles também, já estão em Boêmia!
_ Eles sempre estão! Não é mesmo senhor?
Caleb é um tanto estranho, misterioso, apesar de muito alto e forte, transmite uma sensação de calmaria, a encanto de seus olhos azuis não se compara a mensagem de amor que parece a todo instante anunciar, seus cabelos extremamente negros contrastam com sua pele clara, dando-lhe um encanto natural e desafiador. Conhece o mundo todo, já esteve em missão de paz praticamente nos quatro cantos da terra, em alguns lugares, teve êxito, em outros, porém, viu que a paz tornara-se impossível, e aí o que lhe resta é salvar o máximo de vidas possíveis. Em cada missão, sempre traz novas cicatrizes e sofrimento, no entanto, está sempre motivado para a próxima batalha.
Enquanto se aproximava de Boêmia, montado a cavalo, lembrava-se das inúmeras batalhas que já havia lutado e presenciado, em alguns momentos imaginava que isso nunca teria fim, em outros, confortava-se sabendo que há tempo para tudo debaixo do sol, e que dias virão em que todos os filhos de Deus serão recolhidos e viverão em perfeita harmonia junto com seu Deus! Mas e quanto a Boêmia? Quantos terão de morrer até que descubram que todas as mortes foram estúpidas e desnecessárias
Parou para descansar próximo ao rio Grande, deu água para seu cavalo, à noite estava se aproximando e com ela o frio começava a incomodar, resolveu então acender uma fogueira e montar acampamento naquele local. Tinha ainda bastante comida, água era o que não faltava às margens do rio Grande, tudo era perfeito para uma boa noite de sono e descanso. Ao levantar-se pela manhã, viu que não estava só, uma linda mulher velava seu sono, ergueu-se apressadamente.
A mulher era linda e delicada, não se vestia usando o padrão de sua época, a primeira vista, demonstrava estar anos à frente, com roupas que lhe torneavam o belo corpo. Possuía cabelos longos que lhe cobria boa parte da sua pequena estatura, seu queixo furadinho assim como suas bocejas, sua boca pequena com lábios desenhados assim como seu nariz, numa pele clara e sem mancha, davam-lhe um encanto que seus olhos negros e frios insistiam em negar.
_Desculpe, não queria assustá-lo! - disse a mulher com um suave sorriso.
_Não assustou, apenas... O que faz aqui?
_ Estou chegando a Boêmia, estive viajando pela Alemanha, deu saudades e aí eu voltei, simples assim. - disse-lhe sempre sorrindo. E o senhor, o que faz por aqui?
_É uma longa história.
A mulher estendeu uma tolha sobre a grama, deixou-se cair sobre ela e disse:
_Eu tenho todo tempo do mundo e sou bastante curiosa!
_Não há nada de interessante na minha história, sou apenas um homem solitário que gosta de andar por aí sem destino, creio que já deve ter visto muitos iguais a mim.
_Sei, e agora este homem solitário e belo, vai conhecer Boêmia? - ela não deixava de sorrir.
_Sim, e caso eu goste da cidade, pretendo passar um bom tempo por lá. A propósito meu nome é Caleb.
Ela ergue-se de um salto, e mantendo seu sorriso, diz:
_Eu sou Ingrid, conhecidíssima nesta cidade, meu nome e um bom dinheiro abre qualquer porta por aqui.
Caleb não agüentou e deu uma boa gargalhada, neste instante, acendeu um sinal de perigo e logo se lembrou de seu mestre quando dizia: “Estou lhe enviando para terreno hostil, não confie nas aparências, julgue cada pequeno sinal, mantenha-se sempre em alerta.” Olhou para Ingrid, e sentiu-se seguro, afinal o que aquela moça bela e indefesa poderia fazer com ele. Tomaram café juntos e quando se aprontavam para prosseguir viagem foram surpreendidos por dois homens armados!
_Qual seu nome e de onde você veio estranho? Quis saber um dos homens.
_E quem deseja saber?
_Uns sujeitos que estão armados e prontos a mandarem chumbo em sua cabeça grande! Agora, responda-me: qual seu nome e de onde vem?
_Depois dos senhores serem tão amáveis, e cordiais, não tenho alternativa, a não ser apresentar-me: Meu nome é Caleb, venho de muito longe! Isso sacia suas curiosidades senhores? Perguntou-lhes Caleb tranquilamente.
Um dos homens olhou para Ingrid e disse:
_Parabéns, sua mulher é muito bonita!
Caleb sorriu, enquanto Ingrid procurava refugiar-se nele.
_Não senhor, ela não é minha mulher. Eu a conheci há alguns minutos, ela é de Boêmia e seu nome é Ingrid.
Ingrid estava calada, apenas observava Caleb conversando com aqueles homens, parecia ter algo a esconder.
_Ingrid... E de Boêmia? Isso é um tanto difícil meu amigo, por que está mentindo?
_E por que eu mentiria? Deixe ela mesma responder aos...
Neste momento, ouvem-se disparos, e aqueles dois homens vão ao chão sem vida, Caleb olhou assustado a tempo de ver Ingrid guardando sua arma.
_Onde você arrumou isso?
_Você acha que eu viajo sozinha por aí desarmada, neste mundão perigoso? - ela então volta a sorri.
_Temos que chegar rápido a cidade, pode haver outros deles por aqui, senhorita Ingrid, monte seu cavalo.
_Você está certo, vamos.
Caleb montou seu cavalo apressadamente, estava certo que não seria nada fácil, mas, ainda não havia nem entrado na cidade e as mortes já começaram a ocorrer. Sua mente por alguns segundos ficou perdida até que algo lhe chamou a atenção: aqueles homens acharam que lhes mentira quando lhes falava que a bela e indefesa moça se chamava Ingrid e era moradora de Boêmia. Ele então se lembra do que ela disse: “Eu sou Ingrid, conhecidíssima nesta cidade, meu nome e um bom dinheiro abre qualquer porta por aqui”. Percebeu que fora ludibriado, mas, antes que pudesse reagir ele ouviu.
_Adeus senhor Caleb! - disse Ingrid, sempre sorrindo antes de atirar-lhe uma flecha, com ponta de prata pelas costas!
Continua...
Terceiro Capítulo, sábado dia 21/07
sexta-feira, 8 de julho de 2011
A presidenta foi estudanta?
Existe a palavra: PRESIDENTA?
Que tal colocarmos um "BASTA" no assunto?
Miriam Rita Moro Mine - Universidade Federal do Paraná
Presidenta???
Mas, afinal, que palavra é essa totalmente inexistente em nossa língua?
Bem, vejamos:
No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante... Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante,
ente ou inte.
Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha. Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".
Um bom exemplo do erro grosseiro seria:
"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta.
Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta"
Que tal colocarmos um "BASTA" no assunto?
Miriam Rita Moro Mine - Universidade Federal do Paraná
Presidenta???
Mas, afinal, que palavra é essa totalmente inexistente em nossa língua?
Bem, vejamos:
No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante... Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante,
ente ou inte.
Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha. Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".
Um bom exemplo do erro grosseiro seria:
"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta.
Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta"
terça-feira, 5 de julho de 2011
Boêmia, Palco do amor e da Guerra.
Dedicatória:
Para você que passou pela minha vida,
E deixou marcas tão profundas que,
O tempo e a distância em vão tentaram apagar...
"livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas.
Os livros só mudam as pessoas.”
Mário Quintana.
"Eu acredito no cristianismo como acredito que o sol nasce todo dia.
Não apenas porque o vejo, mas porque através dele eu vejo tudo ao meu redor"
C. S. Lewis
Capítulo I
A conspiração
Boêmia 1618 dC.
_ Senhores está tudo devidamente resolvido, dentro em breve teremos novos objetivos pela frente!
_ Sim senhor, apesar de que... Vocês ouviram isso?
_ Tem alguém aqui além de nós! Sargento!
_ Fique tranqüilo senhor! - respondeu o sargento - Você e você fiquem e dêem proteção a sua santidade! O restante comigo.
De todos os presentes à reunião, Josué foi o que mais se preocupou com os visitantes indesejáveis, pois, há anos vinha trabalhando disfarçado no meio dos protestantes, tinha uma boa posição entre eles, era respeitado e admirado, e suas descobertas eram extremamente úteis para consolidar a exterminação de uma doença chamada de protestantismo na região de Boêmia! Josué na verdade era padre Jesuíta, e como bom Jesuíta, não economizava esforços para vê a bandeira do Catolicismo Romano tremulando em toda parte do mundo civilizado, mesmo que isso significasse promover: morte, dor, separação, abater a liberdade de expressão e do direito! Também estavam na reunião: Cristiano de Médici conselheiro real, Padre Paulo, Lessa que era filho de um dos homens mais rico e poderoso da cidade, além de outras autoridades todas ligadas à igreja Católica.
_ Não se preocupe - disse o padre - sua identidade e o que tratamos não será revelado, o sargento sabe ser, digamos... Competente.
_ Assim espero padre, minha identidade revelada seria o fim de vários anos de árduo trabalho. - retrucou Josué muito preocupado.
Fora da casa, à caçada aos intrusos era iniciada pela guarda do Cardeal e por homens ligados ao Lessa, estes eram assassinos frios e cruéis.
_ Sargento são dois, eles se separaram aqui! - gritou o cabo.
_ Siga-os com seus homens! Não preciso dizer que não poderá haver testemunha!
_ Sim senhor! Vamos, vamos.
Enquanto corria, Josefo se maldizia por ter metido o nariz onde não deveria, afinal havia descoberto algo que se pego pagaria com a própria vida. No entanto, se escapasse quem sabe também poderia salvar muitas outras e denunciar aquele maldito traidor. Enquanto pensava e corria, sentia que seus algozes estavam cada vez mais perto. O terror o dominava, suas pernas pareciam travadas, insistiam em não obedecê-lo, estava gelado apesar de todo o esforço físico. A idéia de separar-se do Ted fora muito boa, pois, dividiria o inimigo e aumentaria as chances de sobrevivência, sorriu timidamente ao imaginar que poderia sair vivo e assim desmascarar aquele mentiroso.
Ted tentava fugir seguindo ao norte, cometera um grande erro quando surpreendido com a presença do Josué esbarrou em uma portinhola denunciando sua presença e de seu amigo Josefo. Fugia agora por sua vida e pelas vidas de milhares de inocentes que não atinavam para o perigo que os rodeavam, um turbilhão de informações passava pela sua cabeça, não era tão inteligente como Josefo, entretanto, possuía uma resistência física invejável, conseguia manter uma boa velocidade por um tempo suficiente, para conseguir sair daquela situação com vida, isso lhe dava certa segurança. Tal segurança teve logo um fim, quando ouviu o som dos trotes de cavalo e latidos de cães farejadores. Ted desesperou-se, procurou respirar, achar uma saída, entrou na mata mais fechada, intentava com isso livrar-se dos cavalos, obrigarem seus caçadores a desmontar e persegui-lo a pé. Seu propósito parece que surtira efeito, ouvia os latidos dos cães a cada instante mais distante, nada poderia dar errado, ele certamente sairia com vida, precisava falar com alguém sobre o que ouvira, no entanto, quem seria confiável: Caleb, senhor Cláudio, Tim? Continuou fugindo, achou a estrada que daria na cidade, sentiu-se seguro, foi seu segundo erro!
_Inteligência nunca foi uma virtude sua! Não é mesmo Ted? - Disse Conde apontando-lhe sua arma e satisfeito com sua perspicácia.
Surpreendido Ted entrou em desatino.
_Conde pelo amor de Deus, eu juro não vou contar nada a ninguém! - Ted chorava.
_Claro que não amigo! E por falar nisso, o que será que ele ouviu Lorde?
_Eu acho que ouviu o que não deveria Conde!
_Pois é... Eu sempre digo ser curioso em tempo de guerra é muito perigoso.
Conde e Lorde eram dois assassinos dispostos a tudo que os levassem a uma rápida ascensão social. O primeiro era de estatura média, não amigo do asseio, mantinha seus cabelos sempre cumpridos assim como suas unhas que pareciam suplicar por uma boa limpeza, apesar de ainda jovem possuía um aspecto de homem bem mais velho, seu rosto era caracterizado por uma pele clara, barba sempre por fazer, boca pequena, que se escondia sob um grande nariz torto e olhos que não encastoavam a fragilidade do seu caráter. Lorde tinha em comum com seu amigo os olhos que o denunciavam, no entanto, era alto e extremamente magro, andava um tanto curvado, era vaidoso e asseado, mantinha sempre bem tratada sua barba e seu bigode era quase que diariamente aparado, suas roupas sempre limpas e engomadas, em suas botas viam-se os reflexos à distância. Apesar de todo o zelo com a apresentação, era um cruel assassino, se excitava quando suas pobres vítimas suplicavam misericórdia e caiam sem vida.
_Vamos lá amigos, não vi nada, não ouvi nada, além do mais, tenho certeza que vocês têm razão, está cidade está infestada de protestantes mesmos!
Sem dar-se conta, cometera seu terceiro erro seguido.
_Como não ouviu nada, e já tomou até partido daquilo que foi tratado? - perguntou Conde.
_Não ouvi... Digo ouvi, mas, estou do lado de vocês! - Ted voltava a chorar. Por favor, eu não quero morrer, eu não quero morrer!
Lorde e Conde apeiam dos cavalos e manda que Ted se ajoelhe, este, num ato de desespero rompe em uma fuga suicida, consegue dar alguns passos antes que Conde e Lorde o acerte com dois disparos certeiros! Eles se aproximam, Lorde imerso em um misto de ódio e desprezo desvira o corpo de Ted, cospe em seu rosto e diz:
_Como espião amigo, você foi uma grande piada!
Em seguida, seu corpo é jogado ao rio, e desaparece engolido por suas águas!
Josefo continuava lutando por sua vida quando escutou o som de dois disparos. Naquele momento, teve certeza que Ted estava morto! Continuou correndo o mais rápido possível, estava cansado, parar seria morte certa, já ouvia as vozes dos seus caçadores, precisava continuar fugindo, viu uma luz próxima, era uma casa, havia uma chance! Correu em sua direção, precisava entrar antes que o avistassem, bateu na porta e gritou apavorado.
_ Abra, por favor! Abra rápido pelo amor de Deus! Abra...
_ Estou indo, calma!
Disse uma voz feminina lá de dentro. Ele entrou apressadamente, avistou uma jovem senhora assustada que o interrogou.
_ O que está acontecendo, por que toda esta gritaria na porta?
_ Preci... Preciso de ajuda senhora, descobri algo comprometedor, tem alguns homens querendo-me à vida!
_ Você é algum tipo de malfeitor?
_ Não senhora! Sou Cristão protestante e é por isso que querem me matar!
_E o que você descobriu homem?
_Há um plano para exterminar todos os protestantes em Boêmia, dele fazem parte o rei Fernando, os cardeais, padres Jesuítas, e outras autoridades! Além disso, existe um impostor entre os protestantes!
_E o que você pretende fazer?
_Denunciar este intento, para que possamos nos armar, nos defender! Além disso, quero desmascarar aquele maldito mentiroso perante toda a cidade, com sorte o verei balançando na ponta de uma corda!
A dona da casa era uma linda mulher, de lábios finos, nariz delicado e bem desenhado, seus olhos eram tão azuis como o céu em dias de sol, cabelos longos e loiros, suas roupas eram humildes, pois não esperava visitas, entretanto, não escondiam sua admirável beleza! Ela estava só, seu marido ainda não havia chegado, por um momento arrependera-se ter aberto a porta, no entanto, percebeu que estava fazendo um serviço para Deus!
_Rápido se esconda no quarto dos fundos, eles estão chegando!
Josefo entrou no quarto e procurou onde esconder-se caso não acreditassem naquela jovem senhora, encontrou uma cama e um pequeno guarda roupa, o suficiente para escondê-lo, respirou fundo, reparou que deixava marcas no assoalho, imediatamente pegou algumas roupas e limpou o chão, logo em seguida, entrou no armário.
_ Abra a porta – ordenou o sargento aos gritos – abra a porta, em nome do rei e do Cardeal, agora!
_ Só um minuto!
_ Abra agora senhora!
A mulher respirou fundo, observou se estava tudo em ordem e depois calmamente abriu a porta.
_ Pronto viu não demorou nada! Posso saber o que isso significa?
_ Estamos à procura de um criminoso, senhora!
_ O crime dele, por acaso foi contra a santa igreja Apostólica Católica Romana? - quis saber ela.
_ Por certo que sim - disse o sargento sorrindo sinicamente.
A mulher teve então certeza que estava a serviço de Deus.
_ Ninguém passou por aqui nesta noite sargento – disse-lhe apontando com a cabeça para o quarto.
O sargento e seus mercenários entraram cuidadosamente no quarto, olharam em baixo da cama e avistaram o guarda roupa, ergueram suas armas e dispararam fogo contra o móvel! Em seguida abriram-no, encontraram somente roupas destruídas, apenas depois puderam perceber a janela em noite fria aberta e a cortina balançando!
Josefo, não gostou da reação daquela senhora quando contou-lhe sobre o intento maligno que se avoluma contra os protestante de Boêmia, e ao vê as inúmeras imagens espalhadas pela casa, achou mais prudente continuar correndo a se esconder no armário.
A caçada continuava ferozmente, Josefo estava exausto, conseguira uma dianteira, porém sabia que era questão de tempo até ser alcançado, avistou o rio grande, que dava limites à cidade, sentiu-se em casa. Porém, a perseguição continuava e a ponte com certeza estaria sendo vigiada, procurou então desesperadamente um bote, o tempo estava se passando, sua dianteira era pouca, precisava tomar uma atitude naquele momento, sem pensar, mergulhou no rio grande, suas águas eram geladas e ainda havia a correnteza a ser vencida, a luta pela vida dava-lhe forças para continuar nadando, braçada a braçada a cidade se aproximava e aumentava sua esperança. Não sabia ele, porém, que estava sendo o tempo todo vigiado por olhos não humanos. Chegando à outra margem, o frio e o cansaço eram extremos, à cidade poderia ser vista e sua salvação também. Ouviu o ruído de cavalos, escondeu-se mais uma vez, instintivamente pegou uma pedra, pode vê que eram dois homens naquele momento. Josefo era jovem e franzino, estava cansado, desarmado e apavorado, não havia como enfrentar dois homens fortes e armados, procurou torna-se invisível na escuridão da noite. O terror lhe assombra quando percebe um dos homens vindo em sua direção, passo a passo a distância entre ambos vai diminuindo, até que como um animal acuado, Josefo desfere um potente golpe com a pedra sobre a cabeça do seu algoz que grita antes de cair, o outro capanga saca sua arma, Josefo, porém é mais rápido, joga-se ao chão e com estranha força e agilidade o alveja antes que pudesse reagir.
Conseguiu chegar à cidade, a felicidade e o alívio brotaram no seu rosto, lembrou-se do Ted e chorou pelo amigo. Neste momento a cidade foi despertada por um único disparo! Josefo sentiu o sangue correr-lhe pelo corpo, ajoelhou, ergueu sua cabeça e contemplou um mar de estrelas que iluminavam Boêmia naquele instante, levantou suas mãos e como se estivesse orando tombou sem vida!
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