Boêmia, Palco do Amor e da Guerra

Boêmia, Palco do Amor e da Guerra
Em meio a guerra religiosa do século XVII, um jovem casal de apaixonados vivem o sonho de um amor impossível. Ela protestante, ele católico! Conseguirão viver este amor? Boêmia, palco do amor e da guerra é um romance extremamente dinâmico, que fará você sorrir e chorar! nele, os paralelos estão lançados: Espiritual e físico, lealdade e traição, verdade e mentira, vida e morte, e principalmente, o amor e a guerra!

domingo, 17 de julho de 2011

Boêmia, Palco do amor e da Guerra.

            


 “Existem mais mistérios entre o céu e a terra
             Do que pode pressupor nossa vã filosofia!”

                                                 William Shakespeare


Capítulo II

Um estranho na cidade


          Em algum lugar, distante de Boêmia, um mês antes.
_ Mandou chamar-me senhor?
_ Sim Caleb, sente-se, por favor.
          Caleb sentou-se esperando suas ordens.
_ Você esta sendo enviado para a cidade de Boêmia, filho.
_ Eu já imaginava que isso iria ocorrer. Como está à situação por lá, senhor?
          Seu superior levantou-se, coçou a cabeça extremamente preocupado, e disse:
_ Os ânimos estão exaltados, nuvens negras cujas origens você está muito familiarizado, cobrem a cidade!
_ Entendo...
_ Boemia é uma cidade linda, tem quatro milhões de habitantes, oitenta por cento deles protestantes e outros vinte por cento católicos, até o presente momento, vivem em relativa paz. No entanto, temos informações que o panorama está mudando para pior o que é muito preocupante, aja visto o que ocorreu na França, Inglaterra e Alemanha, isso para citar apenas três exemplos do que pode fazer a intolerância religiosa!
_ Novamente a intolerância religiosa!
_ Positivo filho, os homens insistem em matar em nome de Deus! Em nome do Deus de amor, eles produzem sangue, dor, mortes, são incapazes de entenderem que quem é filho de Deus, reflete o caráter dEle e os frutos disso são: caridade, compaixão, mansidão, benevolência! Ao contrário disso, matam uns aos outros sem misericórdia!
_Não conseguem entender a mensagem de amor deixada por Jesus!
_Sim, deixam de praticar o amor e procuram em seus delírios quiméricos de poder e glória, tornarem-se donos exclusivos de Deus!
           Caleb acena com a cabeça em sinal de concordância e pergunta:
_E quando parto senhor?
_ Ainda hoje filho.
_ Suponho que vou só.
_Você nunca está só filho!
Caleb sorri.
_Eu sei senhor.
_ Tenho certeza que sabe filho... Estou lhe enviando para terreno hostil, não confie nas aparências, julgue cada pequeno sinal, mantenha-se sempre em alerta. Você terá acesso aos protestantes e católicos, sua missão não é se colocar ao lado de um em detrimento ao outro, e sim ao lado da paz, da justiça e da verdade. E que Deus nosso Pai te guarde em todo seu caminho! Filho, antes que eu esqueça, devo lhe dizer que eles também, já estão em Boêmia!
_ Eles sempre estão! Não é mesmo senhor?
          Caleb é um tanto estranho, misterioso, apesar de muito alto e forte, transmite uma sensação de calmaria, a encanto de seus olhos azuis não se compara a mensagem de amor que parece a todo instante anunciar, seus cabelos extremamente negros contrastam com sua pele clara, dando-lhe um encanto natural e desafiador. Conhece o mundo todo, já esteve em missão de paz praticamente nos quatro cantos da terra, em alguns lugares, teve êxito, em outros, porém, viu que a paz tornara-se impossível, e aí o que lhe resta é salvar o máximo de vidas possíveis. Em cada missão, sempre traz novas cicatrizes e sofrimento, no entanto, está sempre motivado para a próxima batalha.
          Enquanto se aproximava de Boêmia, montado a cavalo, lembrava-se das inúmeras batalhas que já havia lutado e presenciado, em alguns momentos imaginava que isso nunca teria fim, em outros, confortava-se sabendo que há tempo para tudo debaixo do sol, e que dias virão em que todos os filhos de Deus serão recolhidos e viverão em perfeita harmonia junto com seu Deus! Mas e quanto a Boêmia? Quantos terão de morrer até que descubram que todas as mortes foram estúpidas e desnecessárias
          Parou para descansar próximo ao rio Grande, deu água para seu cavalo, à noite estava se aproximando e com ela o frio começava a incomodar, resolveu então acender uma fogueira e montar acampamento naquele local. Tinha ainda bastante comida, água era o que não faltava às margens do rio Grande, tudo era perfeito para uma boa noite de sono e descanso. Ao levantar-se pela manhã, viu que não estava só, uma linda mulher velava seu sono, ergueu-se apressadamente.
          A mulher era linda e delicada, não se vestia usando o padrão de sua época, a primeira vista, demonstrava estar anos à frente, com roupas que lhe torneavam o belo corpo. Possuía cabelos longos que lhe cobria boa parte da sua pequena estatura, seu queixo furadinho assim como suas bocejas, sua boca pequena com lábios desenhados assim como seu nariz, numa pele clara e sem mancha, davam-lhe um encanto que seus olhos negros e frios insistiam em negar.
_Desculpe, não queria assustá-lo! - disse a mulher com um suave sorriso.
_Não assustou, apenas... O que faz aqui?
_ Estou chegando a Boêmia, estive viajando pela Alemanha, deu saudades e aí eu voltei, simples assim. - disse-lhe sempre sorrindo. E o senhor, o que faz por aqui?
_É uma longa história.
           A mulher estendeu uma tolha sobre a grama, deixou-se cair sobre ela e disse:
_Eu tenho todo tempo do mundo e sou bastante curiosa!
_Não há nada de interessante na minha história, sou apenas um homem solitário que gosta de andar por aí sem destino, creio que já deve ter visto muitos iguais a mim.
_Sei, e agora este homem solitário e belo, vai conhecer Boêmia? - ela não deixava de sorrir.
_Sim, e caso eu goste da cidade, pretendo passar um bom tempo por lá. A propósito meu nome é Caleb.
          Ela ergue-se de um salto, e mantendo seu sorriso, diz:
­_Eu sou Ingrid, conhecidíssima nesta cidade, meu nome e um bom dinheiro abre qualquer porta por aqui.
          Caleb não agüentou e deu uma boa gargalhada, neste instante, acendeu um sinal de perigo e logo se lembrou de seu mestre quando dizia: “Estou lhe enviando para terreno hostil, não confie nas aparências, julgue cada pequeno sinal, mantenha-se sempre em alerta.” Olhou para Ingrid, e sentiu-se seguro, afinal o que aquela moça bela e indefesa poderia fazer com ele. Tomaram café juntos e quando se aprontavam para prosseguir viagem foram surpreendidos por dois homens armados!
_Qual seu nome e de onde você veio estranho?  Quis saber um dos homens.
_E quem deseja saber?
_Uns sujeitos que estão armados e prontos a mandarem chumbo em sua cabeça grande! Agora, responda-me: qual seu nome e de onde vem?
_Depois dos senhores serem tão amáveis, e cordiais, não tenho alternativa, a não ser apresentar-me: Meu nome é Caleb, venho de muito longe! Isso sacia suas curiosidades senhores? Perguntou-lhes Caleb tranquilamente.
          Um dos homens olhou para Ingrid e disse:
_Parabéns, sua mulher é muito bonita!
          Caleb sorriu, enquanto Ingrid procurava refugiar-se nele.  
_Não senhor, ela não é minha mulher. Eu a conheci há alguns minutos, ela é de Boêmia e seu nome é Ingrid.
          Ingrid estava calada, apenas observava Caleb conversando com aqueles homens, parecia ter algo a esconder.
_Ingrid... E de Boêmia? Isso é um tanto difícil meu amigo, por que está mentindo?
_E por que eu mentiria? Deixe ela mesma responder aos...
         Neste momento, ouvem-se disparos, e aqueles dois homens vão ao chão sem vida, Caleb olhou assustado a tempo de ver Ingrid guardando sua arma.
_Onde você arrumou isso?
_Você acha que eu viajo sozinha por aí desarmada, neste mundão perigoso? - ela então volta a sorri.
_Temos que chegar rápido a cidade, pode haver outros deles por aqui, senhorita Ingrid, monte seu cavalo.
_Você está certo, vamos.
          Caleb montou seu cavalo apressadamente, estava certo que não seria nada fácil, mas, ainda não havia nem entrado na cidade e as mortes já começaram a ocorrer. Sua mente por alguns segundos ficou perdida até que algo lhe chamou a atenção: aqueles homens acharam que lhes mentira quando lhes falava que a bela e indefesa moça se chamava Ingrid e era moradora de Boêmia. Ele então se lembra do que ela disse: “Eu sou Ingrid, conhecidíssima nesta cidade, meu nome e um bom dinheiro abre qualquer porta por aqui”. Percebeu que fora ludibriado, mas, antes que pudesse reagir ele ouviu.
_Adeus senhor Caleb! - disse Ingrid, sempre sorrindo antes de atirar-lhe uma flecha, com ponta de prata pelas costas!

Continua...


Terceiro Capítulo, sábado dia 21/07

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